Fenômeno nas piscinas, Nicholas Santos não se cansa de ganhar medalhas


Nicholas Araújo Dias dos Santos. Esse é o nome de um dos principais nadadores brasileiros. Nascido em Ribeirão Preto, o atleta segue encantando fãs em todo o mundo graças às suas conquistas, recordes e força de vontade sem igual.
Recentemente, aos 39 anos, Nicholas Santos bateu mais um recorde e se tornou o nadador mais velho a subir em um pódio de Campeonato Mundial, quando trouxe para casa a medalha de bronze nos 50m borboleta.
Entre uma competição e outra, o recordista, que faz parte do Speedo Elite Team, nos deu uma entrevista para contar mais sobre sua carreira e suas melhores lembranças ao longo de seus anos nas piscinas.
1- Sua primeira participação em um Campeonato Mundial foi em 2001, quando passou a integrar a seleção brasileira de natação. Como você se sente estando na ativa e ganhando medalhas até hoje?
Sem dúvidas é uma sensação fantástica: são quase 20 anos nadando como profissional e competindo pela seleção brasileira. Em meio a tudo isso, tive a oportunidade de me formar em fisioterapia, conhecer diversos países, compreender diferentes formas de treinamento e ir me moldando para essas competições. Ao longo de todo esse tempo, pude conciliar muita coisa e acredito que consigo montar uma rotina bem feita, com grandes resultados.
2- Qual o segredo para manter a performance em alta durante tanto tempo e ainda melhorar as marcas a cada ano?
Conhecer e entender meu corpo ao longo desses anos, investir nos meus programas de treinamento — tanto nos treinos de água como na preparação física — cuidar da minha alimentação e trabalhar a parte mental. Outro ponto importante é que eu nunca sofri uma lesão grave, e ser fisioterapeuta me ajuda muito, pois conheço e entendo o funcionamento do corpo, então, mesmo que aconteça alguma coisa, eu sei a abordagem que deve ser feita, o que facilita até para os profissionais que trabalham comigo. Tem também a questão do desafio pessoal, de buscar resultados cada vez melhores — e isso acaba se tornando um vício, não é? Mas sem dúvida: a repetição, o ganho dia após dia, o foco, a disciplina e a busca pelo plano A me colocam em alta performance sempre.
3- Você agora é o nadador brasileiro com mais participações em Mundiais. Como você enxerga a importância da sua carreira para os atletas daqui que querem alcançar o alto nível?
Esta questão da longevidade é um assunto que muitas pessoas me perguntam. O que posso dizer é: sim, é possível, mas assim como em qualquer outra profissão ou trabalho, é muito importante colocar energia naquilo que a gente faz — e ter paciência, pois os resultados vêm com o tempo. E posso dizer que vale a pena, tanto pelos bons hábitos quanto pelos desafios dia após dia. Sem falar das oportunidades que surgem quando você se destaca no que faz.
4- Em 2017 você foi prata em Budapeste e se tornou o atleta mais velho a ir ao pódio. Agora, em 2019, você conquistou o bronze no Mundial, aos 39 anos, e renovou esse recorde. Qual foi a sensação?
A sensação é de que é possível competir e manter o alto rendimento com quase 40 anos e eu tenho a fórmula para isso! Também acredito que seja importante dar um exemplo, uma motivação, para as pessoas comuns que praticam atividades físicas de forma amadora, mesmo que em outra modalidade. É o que eu sempre digo: todo mundo pode viver em alto rendimento, não precisa ser profissional.
5- Como foi a decisão de se dedicar aos 50m borboleta?
Foi um desafio novo que propus a mim mesmo, em 2012, após as Olimpíadas de Londres. Em 2008, eu nadei os 50m livre em Pequim e meu melhor resultado foi 21.55 em piscina de 50m. Já em 2012, foquei nos 100m livre e pude nadar os 4x100m em Londres, me classificando, logo na sequência, para o Mundial de Istambul, quando me dediquei aos 50m borboleta e conquistei minha primeira medalha de ouro em Mundial. A partir disso, decidi investir mais nessa prova e hoje tenho muita facilidade — sou bicampeão mundial e recordista mundial em piscina de 25m, e recordista sul-americano em piscina de 50m.
6- Durante todos esses anos de competição, qual sua melhor recordação? E de todos os recordes que já bateu, qual foi o mais suado?
Sem dúvidas foi o recorde mundial dos 50m borboleta que bati em uma Copa do Mundo em 2018. Eu sabia que tinha como principal adversário o Chad Le Clos, mas sabia também onde eu podia melhorar durante a prova para conseguir vencer. Então, não só ganhei como conquistei o recorde mundial. E a sensação foi muito boa naquele momento, lembrar de todo trabalho, a dedicação para conseguir e ser reconhecido, é muito bom! Não tem preço ser o melhor do mundo naquilo que você se propõe a fazer.
7- Você pretende voltar a treinar os 50m livre para disputar uma vaga nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio?
Sim, esse é meu próximo desafio pessoal. Já estou começando meus treinos para essa prova — tenho um tempo legal até nossa seletiva. Minha melhor marca nos 50m livre com trajes foi 21.55 e sem traje 22.00, então, se eu tiver a evolução que tive nos 50m borboleta, vai ser interessante!
Para finalizar, nosso atleta Nicholas Santos deixou um recado para quem está começando a competir agora: “Acredite em você, não desista dos seus sonhos e coloque energia em tudo o que se propõe a fazer. Saia da zona de conforto e saiba que altos e baixos virão, com certeza, mas não perca o foco até alcançar seu objetivo. Seja disciplinado, invista em você e se relacione com pessoas otimistas — afaste-se das pessoas tóxicas. Construa sua carreira com as conquistas diárias e busque sempre seu alto rendimento.”
E você, se inspira com o guerreiro Nicholas Santos?

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