“Natação é a minha fonte de juventude” – entrevista com Marta Izo

16
mar 2020

Marta Izo é uma das atletas mais inspiradoras quando falamos de natação. Professora, treinadora e ultramaratonista, ela considera a natação não só o seu maior hobby, mas também um estilo de vida. Tivemos a oportunidade de bater um papo com a mulher que atravessou o canal da mancha e que comemora os seus cinquenta anos se preparando para o seu próximo grande desafio: a maratona do Golfo Capri-Napoli. Está buscando alguém em quem se inspirar? Confira abaixo.

Como começou a sua relação com a natação? E quando você soube que essa seria sua profissão?
“Comecei aos sete anos junto com minha irmã de seis. Ela tinha bronquite e foi uma recomendação médica. E aos onze eu já era federada e disputava campeonatos juvenis! Na faculdade de Educação Física, mesmo sendo ex-atleta, eu nem pensava em voltar para as piscinas, queria trabalhar em escolas. Mas acabei conseguindo um estágio em uma academia de natação. Aprendi na marra como ser professora e treinadora, mas me identifiquei muito!”

Por que você decidiu se especializar no nado em águas abertas?
“Desde os meus 15 anos eu tinha o sonho de realizar o desafio do Canal da Mancha e foi por causa dele que escolhi essa especialização. Eu não tinha ideia de como era o desafio. Aos 34 anos de idade resolvi que estava na hora de realizá-lo. O Igor de Souza, ícone de maratonas aquáticas, me passou todas as informações e tive que modificar algumas coisas para conseguir nadar por horas e horas. Demorou um pouco para que eu conseguisse me adaptar, mas deu tudo certo.

E como é para você, hoje, aos 50 anos continuar praticando essa modalidade? O que você faz para se manter em alto nível?
A natação se tornou meu estilo de vida e ela é a minha fonte de juventude. Eu me sinto livre na água, sem limites. São raros os momentos em que a minha idade vem me dar um “alô”… uma dorzinha nas costas depois de um treino puxado, mas faz parte, certo? Eu não sou uma atleta profissional e nem de alto nível, muitos acham que sim. Pode ter certeza que amo o que eu faço e acho que é por isso que as coisas acontecem!”

Como você tem se preparado para a Maratona do Golfo Capri-Napoli deste ano?
“Minha preparação não está sendo diferente das outras: nado seis vezes por semana. Logo mais terei que dobrar isso por duas vezes na semana. Tenho acompanhamento médico e nutricional e quando a prova estiver mais próxima, terei treinos mais longos (em represa ou mar). Tudo isso, trabalhando normalmente!

Sabemos que você atravessou o canal da mancha três vezes. Você considera esses feitos o ápice da sua carreira?
“Com certeza! A minha vida pode ser dividida entre Martinha A.C (antes do canal da mancha) e Martinha D.C (depois do canal da mancha). Em 2006 quando fiz o solo, eu tinha pouco conhecimento e noção do que estava por vir. Vendi meu carro, fiz empréstimo no banco, gastei tudo que eu tinha e valeu muito a pena! Em 2011, no revezamento, éramos um quarteto só de mulheres e fomos sem cobrança nenhuma, apenas para descontração e aí… 2 recordes mundiais: de ida e volta!

Outro grande feito da minha carreira foi em 2017. Fiz 193 quilômetros descendo o rio Hudson em Nova York. Cada trecho se iniciava em uma ponte – fizemos 8 pontes! As pessoas conseguiam nos acompanhar via GPS, fomos bolinhas coloridas durante 7 dias. Conseguia sentir a torcida, foi emocionante.

Como foram os seus treinos quando você participou do desafio do canal da mancha na modalidade solo?
“Tensos e intensos! Lembro como a primeira semana de janeiro foi dolorida. Estava parada há 17 anos.Tivemos treinos dobrados, treinos em represa de madrugada, com neblina e água gelada. Foi muito marcante, fiz na academia onde trabalho e perto de terminar, a piscina estava lotada e todos aguardavam eu terminar. Chorei muito e foi emocionante, mas acredita que não tenho nenhuma foto? Dizem que os melhores momentos de nossas vidas não conseguimos registrar com fotos e filmes, não é?

Quais os principais desafios que você enfrenta na preparação de novos atletas?
“Acredito que a parte psicológica. Temos aqueles que precisamos dar um “empurrãozinho” e aqueles que precisamos frear. Preciso ser bem realista mas tomo cuidado para não acabar com o sonho deles. Exijo o melhor deles e acho que acredito mais neles do que eles mesmos!

Fenômeno nas piscinas, Nicholas Santos não se cansa de ganhar medalhas

28
ago 2019

Nicholas Araújo Dias dos Santos. Esse é o nome de um dos principais nadadores brasileiros. Nascido em Ribeirão Preto, o atleta segue encantando fãs em todo o mundo graças às suas conquistas, recordes e força de vontade sem igual.

Recentemente, aos 39 anos, Nicholas Santos bateu mais um recorde e se tornou o nadador mais velho a subir em um pódio de Campeonato Mundial, quando trouxe para casa a medalha de bronze nos 50m borboleta.

Entre uma competição e outra, o recordista, que faz parte do Speedo Elite Team, nos deu uma entrevista para contar mais sobre sua carreira e suas melhores lembranças ao longo de seus anos nas piscinas.

1- Sua primeira participação em um Campeonato Mundial foi em 2001, quando passou a integrar a seleção brasileira de natação. Como você se sente estando na ativa e ganhando medalhas até hoje?
Sem dúvidas é uma sensação fantástica: são quase 20 anos nadando como profissional e competindo pela seleção brasileira. Em meio a tudo isso, tive a oportunidade de me formar em fisioterapia, conhecer diversos países, compreender diferentes formas de treinamento e ir me moldando para essas competições. Ao longo de todo esse tempo, pude conciliar muita coisa e acredito que consigo montar uma rotina bem feita, com grandes resultados.

2- Qual o segredo para manter a performance em alta durante tanto tempo e ainda melhorar as marcas a cada ano?
Conhecer e entender meu corpo ao longo desses anos, investir nos meus programas de treinamento — tanto nos treinos de água como na preparação física — cuidar da minha alimentação e trabalhar a parte mental. Outro ponto importante é que eu nunca sofri uma lesão grave, e ser fisioterapeuta me ajuda muito, pois conheço e entendo o funcionamento do corpo, então, mesmo que aconteça alguma coisa, eu sei a abordagem que deve ser feita, o que facilita até para os profissionais que trabalham comigo. Tem também a questão do desafio pessoal, de buscar resultados cada vez melhores — e isso acaba se tornando um vício, não é? Mas sem dúvida: a repetição, o ganho dia após dia, o foco, a disciplina e a busca pelo plano A me colocam em alta performance sempre.

3- Você agora é o nadador brasileiro com mais participações em Mundiais. Como você enxerga a importância da sua carreira para os atletas daqui que querem alcançar o alto nível?
Esta questão da longevidade é um assunto que muitas pessoas me perguntam. O que posso dizer é: sim, é possível, mas assim como em qualquer outra profissão ou trabalho, é muito importante colocar energia naquilo que a gente faz — e ter paciência, pois os resultados vêm com o tempo. E posso dizer que vale a pena, tanto pelos bons hábitos quanto pelos desafios dia após dia. Sem falar das oportunidades que surgem quando você se destaca no que faz.

4- Em 2017 você foi prata em Budapeste e se tornou o atleta mais velho a ir ao pódio. Agora, em 2019, você conquistou o bronze no Mundial, aos 39 anos, e renovou esse recorde. Qual foi a sensação?
A sensação é de que é possível competir e manter o alto rendimento com quase 40 anos e eu tenho a fórmula para isso! Também acredito que seja importante dar um exemplo, uma motivação, para as pessoas comuns que praticam atividades físicas de forma amadora, mesmo que em outra modalidade. É o que eu sempre digo: todo mundo pode viver em alto rendimento, não precisa ser profissional.

5- Como foi a decisão de se dedicar aos 50m borboleta?
Foi um desafio novo que propus a mim mesmo, em 2012, após as Olimpíadas de Londres. Em 2008, eu nadei os 50m livre em Pequim e meu melhor resultado foi 21.55 em piscina de 50m. Já em 2012, foquei nos 100m livre e pude nadar os 4x100m em Londres, me classificando, logo na sequência, para o Mundial de Istambul, quando me dediquei aos 50m borboleta e conquistei minha primeira medalha de ouro em Mundial. A partir disso, decidi investir mais nessa prova e hoje tenho muita facilidade — sou bicampeão mundial e recordista mundial em piscina de 25m, e recordista sul-americano em piscina de 50m.

6- Durante todos esses anos de competição, qual sua melhor recordação? E de todos os recordes que já bateu, qual foi o mais suado?
Sem dúvidas foi o recorde mundial dos 50m borboleta que bati em uma Copa do Mundo em 2018. Eu sabia que tinha como principal adversário o Chad Le Clos, mas sabia também onde eu podia melhorar durante a prova para conseguir vencer. Então, não só ganhei como conquistei o recorde mundial. E a sensação foi muito boa naquele momento, lembrar de todo trabalho, a dedicação para conseguir e ser reconhecido, é muito bom! Não tem preço ser o melhor do mundo naquilo que você se propõe a fazer.

7- Você pretende voltar a treinar os 50m livre para disputar uma vaga nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio?
Sim, esse é meu próximo desafio pessoal. Já estou começando meus treinos para essa prova — tenho um tempo legal até nossa seletiva. Minha melhor marca nos 50m livre com trajes foi 21.55 e sem traje 22.00, então, se eu tiver a evolução que tive nos 50m borboleta, vai ser interessante!

Para finalizar, nosso atleta Nicholas Santos deixou um recado para quem está começando a competir agora: “Acredite em você, não desista dos seus sonhos e coloque energia em tudo o que se propõe a fazer. Saia da zona de conforto e saiba que altos e baixos virão, com certeza, mas não perca o foco até alcançar seu objetivo. Seja disciplinado, invista em você e se relacione com pessoas otimistas — afaste-se das pessoas tóxicas. Construa sua carreira com as conquistas diárias e busque sempre seu alto rendimento.”

E você, se inspira com o guerreiro Nicholas Santos?

Ana Marcela Cunha se torna a maior medalhista de maratonas aquáticas após ouro no Mundial

17
jul 2019

Na noite da última terça-feira, dia 16 de julho, a atleta Ana Marcela Cunha se tornou a maior medalhista em maratonas aquáticas ao conquistar o ouro na prova de 5 km, no Mundial de Esportes Aquáticos. O feito rendeu à baiana o destaque merecido, com manchetes nos principais portais do país, como Veja, Estadão, ESPN, Globo Esporte, Olhar Olímpico e Gazeta Esportiva.

Ana Marcela encerrou a prova fazendo o tempo de 57 minutos e 56 segundos. Ao ganhar a décima medalha da carreira, superou a atleta holandesa Edith Van Dijk, com quem, até então, dividia a quantidade de pódios em campeonatos mundiais. Em entrevista à imprensa, a atleta disse como se sente após a competição:

“Estou muito feliz, nunca imaginei isso, eu só queria ganhar, poder dar meu melhor. E é isso que eu faço quando caio na água. Dez medalhas, eu me sinto normal, continuo sendo a mesma Ana Marcela que disputou o primeiro Mundial, lá em 2006, com 14 anos. É um currículo e tanto, é um orgulho, mas nada altera minha cabeça”.

A atleta disputou seu primeiro mundial em 2006, ano em que passou a integrar a seleção brasileira de águas abertas, e hoje acumula outros três ouros, duas pratas e quatro bronzes. E sabemos que vem muito mais por aí!

Entrevista Marcelo Negrão

26
jun 2019

Em comemoração ao Dia Nacional do Vôlei, um esporte que faz parte da vida de muitas pessoas desde a escola, para alguns, se tornando sua carreira profissional, batemos um papo com o ex-jogador da seleção brasileira, Marcelo Negrão. Ele contou pra gente quais momentos marcaram a sua carreira e muito mais! Venha conferir! 🙂

1. Por qual motivo você escolheu praticar vôlei?
Meu pai me ensinou a jogar e vi a Seleção Brasileira da Geração de Prata jogando, aí me apaixonei pelo vôlei.

2. Qual foi o momento que mais marcou a sua carreira?
O momento mais marcante foi a conquista do Ouro Olímpico em Barcelona, em 1992.

3. Como foi ser Campeão Olímpico em 1992?
A sensação de ser Campeão Olímpico é indescritível.

4. O que mudou nas partidas de vôlei em relação há anos atrás?
Acabou a vantagem de pontuação e entrou o líbero, um jogador mais especialista nas jogadas que são feitas no fundo da quadra, o que deixou as disputas de pontos mais longas.

5. Você acompanha até hoje os jogos da seleção?
Sim, assisto até hoje.

6. Qual foi a maior bronca que você já levou de um técnico?
Era difícil eu levar bronca, jogando na posição de oposto não tinham muito o que falar.

7. O que mudou na sua vida após ter feito parte da seleção brasileira?
Mudou muita coisa. Tudo o que eu sou hoje devo ao vôlei e à Seleção Brasileira, tanto como pessoa quanto como profissional.

Por fim, Marcelo Negrão, medalhista de Ouro em Barcelona com a Seleção Brasileira de Vôlei, deixa uma mensagem para quem está começando a praticar o esporte agora: não desista nunca, mesmo nos maus momentos, não desista.

Até a próxima, galera!

Ela não é a Ingrid das Olimpíadas

24
mai 2019

Ela é, inegavelmente, a Ingrid Oliveira: melhor do país em saltos ornamentais. Teve uma infância difícil, mas não se deixou abalar pelos obstáculos da vida. Seguiu e segue, até hoje, firme e forte em seu sonho. Em uma entrevista especial, ela contou um pouco sobre cada etapa, família e carreira. Acompanhe agora mesmo a história dessa guerreira que temos orgulho em dizer que é Speedo Elite Team!

1. Conte um pouco sobre a sua infância.

Cresci em Niterói, gostava muito de brincar com as outras crianças na rua, vivia com os joelhos e cotovelos ralados por conta das brincadeiras. Mas minha mãe não gostava que eu ficasse brincando com algumas crianças do meu bairro e colocou eu e minha irmã no esporte para gastássemos nosso tempo livre com a Ginástica Artística.

2. Por que escolheu os saltos ornamentais para sua carreira?

Porque quando eu saí da ginástica eu queria um esporte parecido com o que eu fazia. Minha irmã que também fazia ginástica comigo já tinha ido para os saltos, então decidi experimentar para ver se eu iria gostar.

3. Como era a relação com a sua mãe?

Era uma relação de amor e algumas regras, mas eu sempre tive noção de que tudo que ela fazia era para me tornar uma pessoa melhor e aprender desde cedo como a vida funcionava.

4. Você considera a Andreia Boheme como sua segunda mãe?

Sim, a Deia sempre tenta me ajudar com tudo na minha vida.

5. Quais foram as mudanças na sua vida após as Olimpíadas?

Tiveram as mudanças boas e ruins. O bom foi que eu vi que eu consigo suportar um fardo muito maior do que eu imaginava, porque tudo o que eu passei não foi fácil mas me trouxe muito amadurecimento. O ruim é que as pessoas me julgavam muito pelo que houve nas olimpíadas, foi bem difícil para mim essa parte.

6. O Mundial de Esportes Aquáticos acontece entre os dias 12 e 28 de julho, como estão os preparativos?

No momento estou me recuperando de uma lesão antiga, mas acredito que vou voltar em breve e correr atrás do tempo em que estive parada.

7. Como é a sua rotina de treino?

Eu treino de segunda a sexta, de manhã, das 8:30 às 12:00h, e na parte da tarde, das 13:30 às 16:00h. Como sou plataformista, meus treinos na plataforma de 10 metros têm que ter um intervalo de 1 dia para poder me recuperar para o próximo e evitar que a minha lesão volte com mais frequência. Sendo assim, meus treinos mais importantes são de segunda, quarta e sexta-feira. Na parte da tarde, nós vamos para a sala de força fazer a nossa preparação física. Nas terças e quintas, treino os 2 períodos na água, aí o treino é mais voltado para educativos e ajuste de detalhes.

8. Sabemos que o mundo do esporte, ainda é, para as mulheres, cheio de tabus. Qual mensagem você gostaria de compartilhar para fortalecer outras guerreiras que também enfrentam os desafios desse sonho, como você?

Que nunca desistam, nunca deixe o que as pessoas pensam te afetar, porque apenas você sabe o que se passa no seu coração. Se é o seu sonho, acredite e batalhe para chegar ao seu objetivo.

A nossa guerreira do Speedo Elite Team despede-se da gente deixando uma mensagem: “nunca desista de seus sonhos”. Não esperávamos menos vindo dela, né?
Estamos na torcida com você por mais troféus!

Até a próxima, galera!